Tudo o que acontece na louca vida de gutogalli e no planeta. Depois de 11 set. 2001, ainda vivo!

21.6.04

WR no Metrô

Estava lá sentado no metrô, quando na estação Liberdade, ela entrou apressada em meio à multidão que entrava empurrando uns aos outros com pressa. Ela era alheia a tudo aquilo. Podia ser visto que ela não era daquele meio, que ela não estava acostumada àquilo. Ser empurrada para dentro de um vagão de metrô em pleno horário de almoço, era (estava na cara) uma coisa que ela nunca havia passado na sua vida. Estava ali, linda, ‘debutando’ na “arte” de ir e vir nos metrôs de São Paulo, cidade agitada e apressada; que empurra e ‘cospe’ seus habitantes e visitantes para (e de) seus vagões.
Vamos a ela: estatura mediana, cabelos (na altura dos ombros) e olhos castanhos escuros, pele alva como o leite e de um ‘velvet’ incrível, mais puro pêssego no melhor de sua temporada. Duas pequenas espinhas em seu belo rosto, que se em outras pessoas são imperfeições, em sua maravilhosa face, eram apenas mais dois atrativos; daqueles que nos chamam a atenção e que sabemos (sábios), que amanhã já não estarão mais lá e que a bela visão será ainda mais espetacular. Aquele narizinho lindo, logo acima daquela magnífica boca, talhada perfeitamente na mais bela simetria.
Conseguiu sentar-se em um dos bancos laterais, (daqueles horríveis em que você fica vendo as paredes dos túneis e os vagões da linha ao lado, passarem na mais ‘super-speed’ velocidade que seus olhos podem suportar) e por pura sorte, mais minha do que dela, ao meu lado. Fiquei fascinado pela beleza da jovem garota, linda mulher, na plenitude de seus vinte e poucos anos. Usava apenas batom, para realçar ainda mais a beleza de seus lábios. Pequenos brincos pingentes, pulseiras e anéis de prata e um pequeno relógio de forma triangular, que mais parecia um olho a fitar sua bela dona. Trajava um suéter preto, de lã fina, saia longa preta, com delicadas flores brancas. Botas de couro preto de cano longo, que combinavam com sua bolsa preta. No braço esquerdo, repousava um casaco preto, delicadamente dobrado por sua soberba usuária. As unhas das mãos eram muito bem cuidadas e com um leve e primaveril esmalte rosa bebê.
Fiquei em pleno êxtase, ao estar tão próximo de tamanha formosura. Não pude me controlar e fiquei a observá-la, já meio que sem disfarçar, coisa que quando quero, faço bem. Ela, percebendo, já meio sem jeito, dava um belo sorriso, daqueles com a boca meio aberta (pouco, mesmo); mas ao mesmo tempo, percebia-se que ela estava gostando de ser admirada e ‘endeusada’. Ela era a cópia perfeita de outra deusa com as mesmas qualidades e ‘quisá’, ainda maiores e melhores. Não me contive e dei um enorme sorriso para ela, fazendo o possível para ser amigável e quem sabe acolhedor. Ela, deu um belo e maravilhoso sorriso, que “anunciou” sua perfeita dentição para todos contemplarem e deu uma piscadela.
Nisso o pior aconteceu, o “carrasco” do metrô anunciou em seus alto-falantes que a próxima estação era Carandiru. Aquela bela criatura que poderia ter seu nome da calçada da fama em Hollywood, ou que poderia ser a primeira e única estrela a marcar a minha própria calçada da fama; levantou-se, segurou-se com firmeza, esperou as portas se abrirem e saiu lindamente, olhando para trás apenas quando as portas do trem se fecharam após o sinal sonoro que tanto me irrita, mas que naquele instante, eu nem ouvi.
Só me restou acenar e ver seu último sorriso, que tenho certeza, foi para mim.
Hoje, podem acreditar, encontrei Winona Ryder no metrô.



P.S. Eu era aquele com a revista do Salvador Dalí na capa.

Unknown 21.6.04